O desafio

 
"Frente a esse flagelo da droga que assola direta ou indiretamente quase 100 milhões de brasileiros, que há muito tempo vem escravizando tirando a dignidade e a consciência de muitos dependentes e desestruturando seus familiares "co-dependentes", nós como Igreja, nos omitimos.

Sabemos que no Brasil já existem muitos trabalhos de Prevenção e Recuperação em dependência química, agradecemos a Deus por eles!
Agora porém, pela graça de Deus e inspirados pelo Espírito Santo, Dom Irineu Danelon e os Bispos do Brasil, na 36ª Assembléia, em Itaici/98, profeticamente e com a certeza absoluta de defender a vida – "Vida plena e em abundância" Jo 10,10 – a proposta de Jesus Cristo – corajosamente aprovaram a criação da Pastoral da Sobriedade para que em nossa Igreja tenhamos uma ação concreta e organizada com 5 frentes de atuação: Prevenção, Intervenção, Reinserção familiar e social e Atuação Política. E para não termos mais, apenas um discurso vazio ou oferecemos uma salinha para alguns se reunirem anonimamente, mas sim, nos comprometermos na prevenção e na recuperação dos dependentes químicos e de seus familiares, com o Grupo de Auto-ajuda, através de reuniões semanais vivenciando os 12 Passos da Pastoral da Sobriedade, fundamentados e baseados no Evangelho e na doutrina da Igreja.Como Igreja viemos para somar com todas as iniciativas já existentes nesta área. Queremos trabalhar em conjunto, principalmente na Prevenção e Atuação Política.

Prevenir é a nossa prioridade. E a eficácia da Prevenção vai depender da boa articulação política de cada Diocese, Paróquia com todas as forças vivas da sociedade, forças essas que juntas querem promover a Vida.

Devemos e precisamos trabalhar em parceria com tudo e com todos que são a favor do resgate da dignidade, da auto-estima de cada dependente químico e de seus familiares. Como Igreja, a exemplo de nosso Mestre Jesus, a Pastoral da Sobriedade, unindo-se a todas as Pastorais Sociais e Movimentos comprometidos com o Projeto de Jesus Cristo-Libertador, queremos fazer dos excluídos os nossos preferidos.

Se somos cristãos e podemos ajudar a libertar um dependente químico, é de fundamental importância que este conheça o verdadeiro libertador – Jesus Cristo – e não ser apenas um Ser Superior, evangelizando-o, ou melhor dizendo, revangelizando-o junto com seus familiares para que todos se ajudem mutuamente, pois onde há um dependente químico na família, todos patologicamente contribuem, consciente ou inconsciente para esse mal. Por isso a Pastoral da Sobriedade trabalha não só o dependente químico mas quer atingir também os co-dependentes, os familiares. O trabalho da Pastoral da Sobriedade acontece de forma sistêmica, envolve o dependente químico, seus familiares e amigos, engajando-os comunidade a qual pertencem.Nós responsáveis pela Formação, Capacitação, Treinamento e Implantação dos Grupos de Auto-Ajuda da Pastoral da Sobriedade nas Dioceses, Paróquias e Comunidades trabalhamos dentro das Diretrizes de Evangelização do Projeto do Novo Milênio.

A Pastoral da Sobriedade é uma atuação especial em resposta a um problema social, dirigida pelos pastores e em comunhão com toda a doutrina da Igreja. O único pastor da Igreja. O único pastor é Jesus Cristo. Nós todos somos participantes desse pastoreio.

O agente da pastoral da Sobriedade deve estar aberto ao diálogo, disponível para o serviço e em sobriedade. Ser testemunha viva em sua comunidade, participar de todo o projeto paroquial e jamais agir isoladamente, tendo presente que o primeiro motivador e coordenador na paróquia é o padre, junto com o CPP.

Perseverando na comunhão queremos viver em Cristo, promovendo a vida e a união fraterna entre os irmãos; partilhando, na vivência solidária, tudo o que temos, sabemos e somos.
A você que é ou vai se tornar um Agente da Pastoral da Sobriedade e também a todos aqueles que já estão no Projeto de Jesus, Este um dia lhe dirá:

"Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde antes da criação do mundo; porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era peregrino e me acolhestes, estava nu e me vestistes, enfermo e me visitastes, estava na prisão ... era dependente químico ... e viestes a mim".

A você, meu irmão no sacerdócio, rogo a Deus, vendo essa realidade, esse flagelo das drogas, que também está em sua paróquia, que possamos concretamente nos articular para combater esse mal.


 

Pe. João Ceconello